UM HOMEM NOBRE

Esta crônica é para quem sempre se esconde. "Um homem principal", como se diz dos antigos. Não se mostra na imprensa e nos holofotes, ou televisão, como o último Arauto de Apocalipse. Decerto poucos conhecem e interpretam esse livro sagrado, como ele, ou no que diz respeito ao "Cântico dos Cânticos", de Salomão. Mas foge dos ruídos e das aparências. Sabe ser inteiro no que faz, como no poema do lusitano Fernando Pessoa. Dentista, antes mestre na universidade, dedica-se com afã e perícia na profissão e tem um ministério evangélico dos mais abençoados. Um homem de Deus, entre raros que conheci. É pai espiritual de muitos, ajudando, com poder do Alto, o crescimento no Espírito Santo, Estado que não tem esse nome em vão. É generoso e parece duro. Tem autoridade e o coração de menino. Talvez se esconda com esta crônica e diga: "Nada se refere a mim". Mas se refere. Um dia, há mais de 28 anos, em Petrópolis, eu o escutei pregar sobre Moisés e não esqueci nunca mais. Falou que o líder do povo de Israel no deserto foi tão nobre, que mesmo sabendo não entrar na Terra Prometida, levou até o fim sua missão. Dediquei-lhe meu poema - "Moisés", de "Os Viventes" (Ed.Leya). Porque tudo tem sentido, ainda que não se alcance. E as coisas que parecem não terem acontecido já estão acontecendo. É de grei pernambucana, que se radicou em Vila Velha, para o bem de tantos, como eu. Nos momentos difíceis, um pai. Nos extremos, pastor e conselheiro. Sábio, prudente, não admite injustiça, nem perseguição e muito menos exerce política. Deus o pôs à testa de uma grande denominação, mas é Deus que aparece. Os templos são simples, funcionais, sem suntuosidade. No Maanaim, de Domingos Martins, acolhe milhares de pessoas, de vários pontos do País e do estrangeiro, em torno do conhecimento da Obra de Deus, com uma doutrina de salvação, experiências e sinais, fundado no Evangelho. Não preciso elogiá-lo, nem carece disso. Mas tenho lembrado o bem que dele recebi, a amizade com que me honra, o respeito com o direito à diferença e a singularidade do amor que o marca. E a certeza de que um homem só é grande pela fé. E outra característica: dirige uma Igreja sem ministério pago (cada pastor vive de seu ofício civil), coisa que escasseia. Está aniversariando e em alegria ou descoberta de existir, aniversariamos todos os dias. Mas nesta manhã de sol o recordo. Com afeto. Seu nome, Pastor Dr. Gedelti Gueiros. Escrito por CARLOS NEJAR, escritor da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia.

Crônica na "A Tribuna" de domingo, dia 20/11 

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