Rebanho às avessas
A maioria dos pastores que se afastam de suas
atividades ministeriais não abandona a fé em Cristo. Cada um deles, a seu modo,
mantém sua vida espiritual e o relacionamento pessoal com Deus. Mas há quem
saia do púlpito pela porta dos fundos, renegando as crenças defendidas com
ardor durante tantos anos de atividade sacerdotal. Para estes – e, é bom que se
diga, trata-se de uma opção nada recomendável –, existe a Freedom from Religion Foundation (“Fundação para o fim da religião”),
entidade criada por ninguém menos que o mais famoso apologista do ateísmo da
atualidade, o escritor britânico Richard Dawkins, autor do best-seller Deus, um delírio. Ele e um grupo de céticos lançaram
o Projeto Clero, iniciativa que visa a apoiar ex-clérigos – pastores, padres,
rabinos – no reinício da vida longe das funções religiosas. “Sacerdotes que
perdem sua fé sofrem uma penalização dupla. Eles perdem seu emprego e, ao mesmo
tempo, sua família e a vida que sempre tiveram”, argumenta Dawkins, no site do
projeto. Não se tem notícia confiável de quantos ex-líderes aderiram ao Projeto
Clero, mas parece óbvio que a ideia do refúgio ateu não é apenas abraçar sacerdotes
cansados da vida religiosa, mas também engrossar o rebanho crescente daqueles
que repudiam a possibilidade da existência de Deus.
Mudança difícil
Não foi uma escolha fácil. Quando o ex-pastor
batista Osmar Guerra decidiu que seu lugar não era mais o púlpito, logo foi
fustigado por olhares de decepção das pessoas que estavam ao seu redor e
acreditavam em seu trabalho espiritual. Afinal, desde menino ele era o
“pastorzinho” de sua igreja em Piracicaba, no interior paulista. Desinibido e
articulado, o garoto, bem ensinado pelos pais na fé cristã, apresentava uma
natural vocação para o pastorado. Por isso, foi natural sua decisão de
matricular-se Faculdade Teológica Batista de São Paulo e, após os anos de
estudo, assumir a função de pastor de adolescentes da Igreja Batista
da Água Branca (IBAB), na capital paulista.
Começava ali uma promissora carreira ministerial.
Osmar dividia seu trabalho entre as funções na igreja e as aulas de
educação cristã, lecionadas no tradicional Colégio Batista. Tempos depois,
o pastor transferiu-se para outra grande e prestigiada congregação, a Igreja
Batista do Morumbi. Mas algo estava fora de sintonia, e Osmar sabia disso. Toda
sua desenvoltura na oratória, sua capacidade de mobilização e seu espírito de
liderança poderiam não ser, necessariamente, características de uma vocação
pastoral. E, como dizem os jovens que ele tanto pastoreou, pintou uma dúvida: seu lugar era mesmo
diante do rebanho? “Eu era um excelente animador. Mas me faltava vocação,
e fui percebendo isso cada vez mais”.
O novo caminho, ele sabia, não seria compreendido
com facilidade pela família, pelos amigos e pelas ovelhas. Mas ele decidiu
voltar a estudar, e escolheu a área de rádio e TV. E, mesmo ali, não escapou do
apelido de “pastor”, aplicado pela turma. Quando conseguiu um estágio na TV
Record, percebeu que ficava totalmente à vontade entre os cenários, as
produções e os auditórios. Com seu talento natural, Osmar deslanchou, e o
artista acabou suplantando o pastor. Depois de pedir demissão da igreja, em
2005, ele galgou posições na emissora e hoje é o produtor de um dos programas
de maior sucesso da casa, O
melhor do Brasil, apresentado pelo Rodrigo Faro.
“Durante muito tempo, fiquei em crise”, reconhece
hoje, aos 31 anos. “Tive medo de tomar a decisão de deixar de ser pastor. Mas,
hoje, sinto-me mais confiante e honesto comigo mesmo e perante os outros”,
garante. Longe do púlpito, mas não de Jesus, Osmar Guerra continua
participativo na sua igreja, a IBAB, onde toca e canta no louvor. De sua experiência,
ele se acha no direito de aconselhar os mais jovens. “Defendo que, antes do
seminário, as pessoas busquem formação em outras áreas, ainda mais quando são
novas”, diz. Isso, segundo ele, pode abrir novas possibilidades se o indivíduo,
por um motivo qualquer, sentir-se desconfortável no púlpito. Contudo, ele não
descarta o valor de um chamado genuíno: “Se, mesmo assim, a vontade de se
tornar um pastor continuar, isso é sinal de que o caminho pode
ser esse mesmo.”
TEXTOS ENVIADOS POR : D.
P. Carneiro – 19.06.2012
Não creio que para ser Pastor tenha que se ter formação, porém, acho necessário sim um pouco de cultura, afinal, quem assim, exerce Ministério está muitas vezes sujeito às críticas, principalmente no que tange ao aspecto cultural ou científico. Não é essencial, mas considero importante. Contudo, a essência está na Experiência verdadeira com Deus, ou seja, aquilo que viu, ouviu e viveu que veio direto do Criador. Isso foi o que motivou os apóstolos, discípulos e tantos outros santos que permaneceram firmes até a morte e adormeceram no Senhor e aguardam o Grande Dia.
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