Perfil de um homem de Deus
“Samuel foi o último dos juízes e o primeiro dos profetas. Era homem de
profunda piedade e discernimento espiritual, inteiramente dedicado à realização
dos propósitos de Deus referentes a Israel (...) Foi chamado para guiar a
Israel em algumas das maiores crises de sua história, e chega quase à estatura
do próprio Moisés. Sem qualquer vontade de sua parte, viu-se no papel de
‘fabricante de reis’, pois foi comissionado a ungir a Saul, o primeiro rei,
então a Davi, o maior dos reis de Israel”. 1
É justamente dessa vida de que vamos pinçar alguns traços para compor o perfil
de um homem de Deus.
1. Chamada — Ninguém pode se
apresentar onde quer que seja como homem de Deus a não ser que tenha sido
chamado. E quem chama é o próprio Deus: “Rogai, pois ao Senhor da seara que
mande trabalhadores para a sua seara” (Mateus 9.38). Foi assim com Abraão:
“Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que
eu te mostrarei” (Gênesis 12.1); foi assim com Moisés: ”Agora, pois, vem e eu
te enviarei a Faraó, para que tires do Egito o meu povo, os filhos de Israel”
(Êxodo 3.10); foi assim com Paulo: “mas levanta-te e entra na cidade, e lá te
será dito o que te cumpre fazer” (Atos 9.6). O homem de Deus tem uma inequívoca
chamada de Deus: ”Samuel! Samuel! Ao que respondeu Samuel: Fala, porque o teu
servo ouve” (1Samuel 3.10). Você se lembra do dia em que Deus o chamou?
2. Preparo — Quando Deus chama alguém para
uma tarefa específica na sua seara, Ele mesmo provê o preparo necessário. Às
vezes, antes da própria chamada, como ocorreu com Moisés (na casa de Faraó),
com Paulo (aos pés de Gamaliel). O homem de Deus precisa de preparo, e na vida de
Samuel percebemos esse traço bem delineado: “Samuel, porém, ministrava perante
o Senhor, sendo ainda menino...” (1Samuel 2.18); “Entrementes, o menino Samuel
crescia diante do Senhor, como também diante dos homens” (1Samuel 2.26). É
interessante notar que Lucas, ao descrever o crescimento de Jesus, praticamente
copia este último verso (cf. Lucas 2.52). O preparo de Samuel foi integral:
compreendeu teoria e prática. E o seu preparo, como tem sido?
3. Trabalho — Este traço na vida de Samuel
extrapola o seu tempo: “Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida. De
ano em ano rodeava por Betel, Gilbal e Mizpá, julgando a Israel em todos esses
lugares. Depois voltava a Ramá, onde estava a sua casa, e ali julgava a Israel;
e edificou ali um altar ao Senhor” (1Samuel 7.15-17). Nestes tempos de ativismo
é bom prestar atenção a essas palavras. O texto deixa claro que Samuel, embora
trabalhasse todos os dias, era um homem organizado. Seu trabalho submetia-se a
um planejamento anual. Será que temos conseguido planejar nosso trabalho pelo
menos pra uma semana? O homem de Deus precisa ser devotado ao trabalho:
“Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a
noite, quando ninguém pode trabalhar” (Josué 9.4).
4. Fé — O quarto traço que pretendo
avivar neste perfil do homem de Deus é a fé. Sem fé a chamada perde todo o seu
sentido; sem fé, o preparo é incompleto; sem fé, o trabalho é infrutífero:
“Ora, sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11.6). O homem de Deus
precisar ser, necessariamente, um homem de fé. Samuel o foi. A casa de Israel
estava afastada de Deus e entregue a toda a sorte de idolatria. Os filisteus
eram ameaça iminente. Diante dessa situação caótica Samuel reúne o povo para
dizer que a esperança está em Deus. Começa com uma condição: “Se de todo o
vosso coração voltais para o Senhor” e conclui com uma promessa: “ele vos
livrará da mão dos filisteus” (1Samuel 7.3). O povo aceitou o desafio,
voltou-se para Deus, confessando seu pecado e livrando-se dos ídolos. O inimigo
veio com toda a sua fúria, enquanto o povo mais se aproximava de Samuel: “Não
cesses de clamar ao Senhor nosso Deus por nós para que nos livre da mão dos
filisteus (1Samuel 7.9). Indiferente ao ataque do inimigo, Samuel ofereceu um
cordeiro em holocausto, clamou ao Senhor, e o Senhor honrou a sua fé: “Enquanto
Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegavam para pelejar contra Israel;
mas o Senhor trovejou naquele dia com grande estrondo sobre os filisteus, e os
aterrou; de modo que foram derrotados diante dos filhos de Israel” (1Samuel
7.10). O homem de Deus precisa não somente de fé; é necessário que ele viva a
sua fé, diante do povo.
5. Transparência — Mais do que em qualquer outra
época o ministério precisa de transparência. Vivemos numa época de golpes, de
falcatruas; estamos no tempo em que a lei é levar vantagem em tudo. Nunca a
figura do pastor foi tão aviltada, até porque está muito difícil estabelecer a
diferença que existe entre pastor e pastor. Na vida de Samuel o texto fala por
si só: “Eis-me aqui! Testificai contra mim perante o Senhor, e perante o seu
ungido. De quem tomei o boi? ou de quem tomei o jumento? ou a quem defraudei?
ou a quem tenho oprimido? ou da mão de Deus tenho recebido suborno para
encobrir com ele os meus olhos? E eu vo-lo restituirei. Responderam eles: Em
nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de
ninguém. Ele lhes disse: O senhor é testemunha contra vós, e o seu ungido é
hoje testemunha de que nada tendes achado na minha mão. Ao que respondeu o povo:
Ele é testemunha” (1Samuel 12.3-5). A vida do homem de Deus deve ser marcada
pela transparência: ampla; geral; irrestrita. Assim é a vida do verdadeiro
homem de Deus. AQUI CONHECI MUITOS HOMENS DE Deus citarei alguns, mas não
menospreso os outros pois não os conheço ainda e são muitos mais os mais próximos
está Pastor Claudio, Diacono Luciano, Pastor Mario, Amadeu, Gilson , Geldeti e
muitos outros.
6. Amor — Na composição do perfil de um
homem de Deus, sem dúvida, o amor é um traço de todo indispensável. Aliás, o
traço do amor, de tão importante que é, não sobressai, justamente porque,
estando presente em todos os demais, confunde-se com eles. A vida de um homem
de Deus é uma vida de amor. Assim é que, na vida de Samuel, não vou destacar um
momento caracterizado pelo amor. A sua vida inteira foi uma vida permeada pelo
amor. “Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida” (1Samuel 7.15). Se
você quer ser um verdadeiro homem de Deus, comece por amar o povo.
7. Humildade — Para completar este perfil em
que estamos trabalhando, vamos pinçar o sétimo e último traço, característico
da vida de Samuel — a humildade. Se o homem aceita o desafio da chamada,
adquire o preparo necessário e se dedica ao trabalho com fé,
transparência e amor, com certeza Deus vai atuar grandemente em
seu ministério, e é aí que ele vai ter que demonstrar toda a sua humildade.
Embora seja tentado, a cada momento, a achar que é ele quem está realizando uma
grande obra, não pode perder de vista o fato de que é Deus quem realiza,
através da sua instrumentalidade. Se porventura há honra, glória, louvor, tudo
deve ser dirigido única e exclusivamente a Deus. A postura do homem de Deus é
aquela recomendada pelo Mestre: “Assim também vós, quando fizerdes tudo o que
vos for mandado, dizei: Somo servos inúteis; fizemos somente o que devíamos
fazer” (Lucas 17.10). Foi a atitude de Samuel. Embora a sua atuação tenha sido
decisiva na derrota dos filisteus, ele fez questão de deixar bem claro para o
povo que todo o mérito pertencia ao Senhor. “Então Samuel tomou uma pedra, e a
pôs entre Mizpá e Sem, e lhe chamou Ebenézer; e disse: “Até aqui nos ajudou o
Senhor” (1Samuel 7.12).
Você é um homem de Deus? Como
está hoje o seu perfil? A minha oração neste seu dia é que o povo tenha
condição de dizer a seu respeito:
“Eis que há nesta cidade um homem
de Deus, e ele é muito considerado; tudo quanto diz, sucede infalivelmente.
Vamos, pois, até lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir”
(1Samuel 9.6).
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